Sabe em que os goleiros se diferem dos outros jogadores de campo?
A vida de goleiro não é nada fácil, eles precisam tomar decisões rápidas com informações multissensoriais limitadas e incompletas, processando-as rapidamente. Pesquisadores da Dublin City University, liderados pelo Prof. Dr. David McGovern, se perguntaram se os goleiros, que tem papel único em campo, tem algum tipo de diferença no processamento de informação quando comparados com os demais jogadores e com homens não jogadores. A hipótese levantada pelos pesquisadores é de que os goleiros profissionais exibiriam um processamento temporal multissensorial aprimorado em relação aos seus colegas de campo.
Para testar essa hipótese, os pesquisadores mediram as janelas de ligação temporal – a janela de tempo dentro da qual os sinais dos diferentes sentidos são integrados numa única percepção. Foram recrutaram 60 pessoas do gênero masculino, sendo 20 goleiros profissionais, 20 jogadores não goleiros e 20 que não eram jogadores profissionais.
Cada participante viu uma ou duas imagens piscando brevemente em uma tela, seguidas por um, dois ou nenhum sinal sonoro (som-ilusão de flash induzido). Normalmente, quando um flash e dois bipes são exibidos em sucessão próxima, as pessoas assumem erroneamente que houve dois flashes – um sinal de que os estímulos visuais e auditivos foram combinados. À medida que o tempo entre o flash e o sinal sonoro aumenta, a ilusão fica mais fraca.
Os pesquisadores descobriram que os goleiros podiam determinar com precisão o número de flashes e bipes em intervalos de tempo muito menores entre eles, em comparação com outros grupos estudados. Isso significa que os goleiros podem processar sinais multissensoriais com mais precisão e rapidez, diz McGovern.
E não é só isso, os goleiros são muito melhores em segregar a forma como processam a informação auditiva e visual, o que faz sentido para a sua função no jogo e sua posição em campo. Por exemplo, durante a cobrança de escanteio os goleiros estão cercados por jogadores e com visão da bola restrita e, por isso, eles precisam confiar mais na informação auditiva.
Agora, segundo McGovern, ainda é preciso saber: “Se a capacidade multissensorial melhorada dos guarda-redes tem a ver com o seu treino ou se é uma capacidade inata é algo que esperamos descobrir”
Link: https://www.cell.com/current-biology/fulltext/S0960-9822(23)01130-2
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