Apraxia de fala na infância

apraxia

Escrito por Sigla Educacional

27 de outubro de 2025

Apraxia de fala na infância

A Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um transtorno neurológico que afeta a precisão e a consistência dos movimentos necessários à fala, sem a presença de déficits neuromusculares. Caracteriza-se por falhas no planejamento e na programação dos movimentos articulatórios, resultando em erros de produção e alterações prosódicas. O diagnóstico depende de uma avaliação clínica criteriosa, realizada por fonoaudiólogos especializados, uma vez que ainda não há marcadores genéticos ou neurológicos específicos. A identificação precoce e a intervenção adequada são essenciais para minimizar os impactos na comunicação e no desenvolvimento da linguagem.

As crianças com AFI apresentam fala inconsistente, dificuldade na coarticulação, entonação monótona, pausas entre sílabas e inventário fonético limitado. Geralmente, a linguagem receptiva é mais desenvolvida do que a expressiva, e o transtorno pode ocorrer isoladamente ou associado a condições como Transtorno do Espectro Autista e Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem. A ASHA recomenda que o diagnóstico formal seja feito a partir dos três anos, embora sinais de risco possam ser observados antes dessa idade, como ausência de balbucio e fala reduzida.

A avaliação fonoaudiológica deve ser abrangente, contemplando anamnese detalhada, exame oral e análise da fala espontânea e por imitação. Instrumentos como o Verbal Motor Production Assessment for Children (VMPAC), o Kaufman Speech Praxis Test for Children (KSPT) e o Dynamic Evaluation of Motor Speech Skill (DEMSS) auxiliam na diferenciação entre atraso motor de fala e AFI. Além das ferramentas formais, é importante incluir tarefas informais e observação clínica das produções orais, considerando aspectos motores, fonológicos e prosódicos.

A intervenção baseia-se nos princípios da aprendizagem motora, com ênfase na prática intensiva, feedback multissensorial e motivação da criança. Programas terapêuticos como DTTC, ReST, NDP3® e PROMPT® aplicam estratégias táteis, visuais e auditivas para aprimorar o planejamento e a coordenação dos movimentos da fala. O tratamento deve ser individualizado e progressivo, com retirada gradual das pistas até que a criança alcance autonomia comunicativa. A atuação interdisciplinar e o envolvimento familiar são fundamentais para favorecer a generalização das habilidades e a evolução clínica.

Você pode gostar também

Impacto da Doença Renal Crônica na Audição e no Equilíbrio

Impacto da Doença Renal Crônica na Audição e no Equilíbrio

Impacto da Doença Renal Crônica (DRC) na Audição e no Equilíbrio: Evidências Clínicas A relação entre doenças renais e alterações dos sistemas auditivo e vestibular tem recebido atenção crescente na literatura científica e nos relatórios de saúde pública nos últimos...

ler mais
Sensibilidade auditiva humana moldada pelo sexo e ambiente

Sensibilidade auditiva humana moldada pelo sexo e ambiente

Entre o som e o mundo: como sexo e ambiente moldam a sensibilidade auditiva humana O artigo intitulado “Sex and environment shape cochlear sensitivity in human populations worldwide”, publicado na revista Scientific Reports em março de 2025 por Balaresque e...

ler mais
Síndrome de Goldenhar

Síndrome de Goldenhar

Síndrome de Goldenhar: o caso de Vinnie James Segundo a revista People, Vinnie James nasceu em novembro de 2024 com uma orelha localizada na bochecha direita e ausência do olho direito. Após o nascimento, sofreu parada respiratória imediata, foi submetido a...

ler mais
Síndrome de Angelman

Síndrome de Angelman

Síndrome de Angelman: a doença rara que afeta o filho do ator Colin Farrell A Síndrome de Angelman (SA) é uma desordem neurogenética rara caracterizada por atraso no desenvolvimento, deficiência intelectual severa, ausência ou comprometimento grave da fala, problemas...

ler mais

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *