Candida auris, um super fungo que nos ronda
É fato que os micro-organismos estão cada vez mais resistentes à medicamentos e estão se tornando um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Em junho de 2023 dois novos casos de pacientes contaminados pelo Candida auris foram registrados no estado de Pernambuco, subindo para nove o número de casos em 2023.
A infecção, que é altamente contagiosa e resistente a vários medicamentos antifúngicos, pode causar doenças graves em pessoas que já estão sendo tratadas por várias condições de saúde graves ou crônicas. É importante destacar que a Sociedade Americana de Microbiologia acredita que o aquecimento global é um dos fatores que ajudaram o fungo Candida auris a se proliferar. Outros fatores que devem ser considerados incluem o uso de medicamentos antifúngicos e de fungicidas nas plantações.
Em pacientes com sistema imunológico debilitados o fungo pode cair na corrente sanguínea e provocar uma septicemia fúngica. Outro fator que merece atenção e que gera preocupação é o fato do Candida auris pode ficar em objetos inanimados por dias, tornando, assim, sua taxa de contaminação potencializada.
Ao classificar os casos, as autoridades de saúde precisam distinguir entre infecções e “colonizações”, que se referem à presença de microrganismos que ainda não causaram infecção. “A colonização significa que você pode ser um portador silencioso do fungo, e pode ser uma infecção ativa mais tarde”, segundo o Dr. Bhagyashri Navalkele, professor associado da divisão de Doenças Infecciosas da Universidade do Mississipi. “Se você for identificado como colonizado, você precisa se certificar de que sua equipe de saúde saiba disso para que possam iniciar imediatamente as precauções de isolamento e iniciar o tratamento adequado quando houver suspeita de infecção.”
Uma das características mais importantes sobre C. auris é que 90% das cepas clinicamente isoladas exibem resistência ao fluconazol e algumas cepas são resistentes a todos os antifúngicos atualmente disponíveis, causando uma taxa de mortalidade impressionante de até 60% . C. auris foi reconhecido como uma ameaça urgente à saúde pública devido às suas características de resistência a medicamentos e associação com colonização de longo prazo e extensa contaminação ambiental.
O que torna o C. auris um super fungo? Como já dito, mais de 90% dos casos de C. auris são resistentes ao fluconazol, antifúngico de primeira linha para infecção fúngica invasiva. Sem segundo lugar ele tende a desenvolver habilmente resistência a outros agentes antifúngicos, produzindo cepas resistentes a duas ou três classes principais de antifúngicos atualmente aprovados para o tratamento de infecções fúngicas invasivas, causando doenças de difícil tratamento e alta mortalidade. Em terceiro e não menos importante, o fato do C. auris sobreviver a condições ambientais diversas, como altas temperaturas, alta pressão osmótica e desinfetantes usualmente usados em hospitais contribuem para a persistência desse patógeno e sua disseminação lateral entre os pacientes.
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