Existe luz no final do túnel: eliminar as células zumbis surge como a chave para reverter o envelhecimento cerebral precoce causado pela COVID-19
Cientistas Australianos da Universidade de Queensland fizeram um avanço significativo nas suas pesquisas sobre o impacto da Covid-19 na saúde do cérebro. Usando modelos organoides cerebrais sintéticos cultivados em laboratório a partir de células-tronco humanas, eles identificaram quatro medicamentos que podem potencialmente reverter um processo celular desencadeado pela Covid-19, que contribui para o envelhecimento prematuro do cérebro. Esta descoberta é promissora para mitigar os efeitos neurológicos a longo prazo da infecção por Covid-19.
Dr. Júlio Aguado, cientista e pesquisador do Instituto Australiano de Bioengenharia e Nanotecnologia de Queensland, relata que ele e sua equipe descobriram que a COVID-19 acelera a presença de células zumbis ou senescentes que, mesmo no processo de envelhecimento natural, se acumulam no cérebro. Tais células levam a uma inflamação e degeneração dos tecidos, deixando os pacientes vulneráveis a deficiências cognitivas, como confusão mental e perda de memória.
A partir da descoberta da aceleração da presença de células zumbis os cientistas iniciaram uma busca de mecanismos que fossem capazes de reiniciar o relógio biológico. É importante estar atento ao fato que a exposição de organoides cerebrais humanos ao coronavírus 2 da SARS-CoV-2 induziu a senescência celular e sua análise revelou uma assinatura inflamatória única do SARS-CoV-2 e os senolíticos reduziram essa inflamação. Tendo isso em mente os cientistas usaram os organoides cerebrais para testar uma série de terapêuticas, com o objetivo de remover essas células senescentes.
Em um paper publicado na revista Nature de novembro de 2023, os cientistas relatam que o tratamento senolítico de organoides cerebrais infectados bloqueou a replicação viral e preveniu a senescência em populações neuronais distintas. Os pesquisadores encontraram quatro drogas capazes de eliminar seletivamente as células atingidas pela Covid-19.
Os experimentos foram realizados em camundongos e, nessa população, as drogas rejuvenesceram o cérebro e diminuíram a chance de sintomas neurodegenerativos nos organoides.
Segundo Dr. Aguado, a longo prazo, essas drogas poderão ser utilizadas para o tratamento de síndromes de infecção pós-aguda persistentes causadas por infecções virais como a Covid-19.
https://www.nature.com/articles/s43587-023-00519-6#MOESM1
Veja também: https://siglaeducacional.com.br/demencia-e-protecao-das-celulas-cerebrais/
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