Como um gene de Alzheimer devasta o cérebro

Alzheimer

Escrito por Sigla Educacional

1 de dezembro de 2022

Como um gene de Alzheimer devasta o cérebro

Estudo em células e camundongos sugere que a variante APOE4 afeta o importante isolamento em torno das células nervosas. Nenhuma variante genética é um fator de risco maior para a doença de Alzheimer do que a APOE4. O mistério é como esse gene causa o dano cerebral, limitando, assim, as oportunidades de desenvolver terapias direcionadas para indivíduos portadores de APOE4.Alzheimer

Blanchard (2022) realizou um estudo e ligou o APOE4 ao processamento defeituoso do colesterol no cérebro, o que causa alterações nas bainhas de mielina. Tais alterações podem causar déficits de memória e aprendizado.

Nesse estudo há a sugestão que a administração de drogas restauradoras do processamento do colesterol no cérebro pode tratar a doença, reforçando a ideia de que o colesterol precisa estar no lugar certo (Gregory Thatcher)

Ter herdado uma cópia de APOE4 aumenta o risco de desenvolver o mal de Alzheimer em aproximadamente 3 vezes, ao passo que ter 2 cópias aumenta as chances de 8 a 12 vezes.

A conexão pode ser parcialmente explicada pela interação da proteína codificada por APOE4 com placas pegajosas de amiloide.

Segundo o neurocientista Tsai do MIT, o APOE4 aciona células cerebrais produtoras de isolamento conhecidas como oligodendrócitos para acumular a molécula gordurosa colesterol em todos os lugares errados, interferindo na capacidade das células de cobrir as fibras nervosas com mielina, diminuindo o impulso nervoso levando a uma alteração da cognição.

A equipe do Prof. Tsai já havia relatado alterações lipídicas e disfunções em outros tipos celulares, incluindo algumas que atuam como suporte estrutural aos neurônios e outras que fornecem proteção imunológica para o cérebro.

As descobertas mais atuais acrescentam oligodendrócitos e sua função essencial de mielina à mistura.

Tsai e o biólogo computacional do MIT Manolis Kellis analisaram os padrões de atividade genética no tecido do córtex pré-frontal de 32 indivíduos falecidos que tinham duas ou nenhuma cópia do APOE4 e uma história de Alzheimer.

Observaram que as células cerebrais afetadas por APOE4 possuem anormalidades em muitos sistemas de metabolização de lipídios, porém os defeitos em como os oligodendrócitos que processavam o colesterol pareciam particularmente graves.

Ele e sua equipe de pesquisadores criaram culturas de oligodendrócitos humanos com várias formas do gene APOE. Células com a variante APOE4, descobriu o grupo, tendiam a acumular colesterol dentro de organelas internas. Eles expeliram quantidades relativamente baixas de colesterol, o que os tornou menos hábeis na formação de bainhas de mielina.

As células portadoras de APOE4 foram tratadas com ciclodextrina, droga que estimula a remoção do colesterol, o que auxiliou a restaurar a formação de mielina. No estudo com camundongos, com duas cópias de APOE4, a ciclodextrina pareceu eliminar o colesterol no cérebro, melhorando o fluxo de colesterol nas bainhas de mielina, aumentando o desempenho cognitivo dos animais.

Em um estudo realizado com uma pessoa com Alzheimer foi administrada uma formulação semelhante de ciclodextrina em um programa especial de acesso a medicamentos. Os resultados mostraram que as funções cognitivas do indivíduo com Alzheimer permaneceram estáveis.

Segundo Akay, a ciclodextrina pode não ser ideal para corrigir desequilíbrios lipídicos no cérebro, uma vez que funciona como uma marreta, já que ele apenas esgota o colesterol das células.

A partir desses achados terapias melhores podem surgir, uma vez que Tsai e colaboradores colocaram o desregulação do colesterol no mapa da pesquisa do Alzheimer.

A partir desse momento é preciso tentar todas as estratégias disponíveis para atingir o colesterol cerebral, segundo a Profa. Irina Pikuleva, bioquímica da Case Western Reseve University.

www.siglaeducacional.com.br

Você pode gostar também

Esclerose múltipla

Esclerose múltipla

Esclerose múltipla, tudo o que você precisa saber Recentemente, a modelo e apresentadora Carol Ribeiro revelou que foi diagnosticada com esclerose múltipla, doença crônica que atinge o Sistema Nervoso Central. Segundo Carol, os sintomas incluíram falhas ao caminhar,...

ler mais
O sabemos sobre a mente dos bebês?

O sabemos sobre a mente dos bebês?

O que você sabe sobre a mente dos bebês? Quer saber o que a ciência já descobriu? Faço aqui uma resenha do artigo de autoria de Caroline Campos Rodrigues da Silva e Maria Regina Maluf “O que sabemos sobre a mente dos bebês? Uma revisão de literatura” publicado em 2024...

ler mais
Testes realizados por smartphones são confiáveis?

Testes realizados por smartphones são confiáveis?

Testes realizados por smartphones são confiáveis? Você já deve ter ouvido falar que alguns smartphones estão realizando a audiometria tonal liminar e deve ter se perguntado o quão confiável são os resultados. Não se sintam só, vários pesquisadores fizeram a mesma...

ler mais
Treinamento auditivo-cognitivo imersivo e envelhecimento

Treinamento auditivo-cognitivo imersivo e envelhecimento

O treinamento auditivo-cognitivo imersivo melhora a percepção da fala no ruído em adultos mais velhos com audição e memória de trabalho variadas O envelhecimento traz mudanças na sensibilidade auditiva, resultando em maior prevalência de perda auditiva de alta...

ler mais
A menopausa e o cérebro

A menopausa e o cérebro

A menopausa e o cérebro, o que diz a ciência Fernanda Lima participou, recentemente, do programa Provoca, comandado por Marcelo Tas, e afirmou que a mulher perde massa cinzenta durante a menopausa. O que diz a ciência sobre isso? Antes de mais nada vamos entender o...

ler mais
Neurite Vestibular

Neurite Vestibular

Neurite Vestibular: conheça mais sobre a doença que levou Dilma Rousseff, presidente do BRICS, para o hospital A imprensa nacional e internacional divulgou a internação da atual presidente do BRICS, Dilma Rousseff, no último dia 21 de fevereiro. Segundo sua assessoria...

ler mais
Como o cérebro distingue os rostos humanos?

Como o cérebro distingue os rostos humanos?

Como o cérebro distingue os rostos humanos? Foi essa pergunta que em 1995, Nancy Kanwisher usou a Ressonância Magnética Funcional fMRI para investigar a percepção visual e descobriu uma região inferior do hemisfério direito do cérebro que respondia mais a rostos do...

ler mais
A importância da triagem auditiva na infância

A importância da triagem auditiva na infância

A importância da triagem auditiva na infância, além da fase neonatal Muito se fala sobre a Triagem Auditiva Neonatal, mas ela é importante somente nessa fase da vida da criança? Embora o rastreamento auditivo para recém-nascidos no Brasil tenha avançado...

ler mais

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *