Córnea sintética: a bioengenharia ajudando na recuperação da visão
Uma nova esperança para pacientes que aguardam transplante de córnea, uma córnea totalmente sintética com menor probabilidade de ser rejeitada. É importante lembrar que existem cerca de 4,9 milhões de pessoas com cegueira bilateral secundária a doenças da córnea em todo o mundo, representando cerca de 12% do total de casos de cegueira. As patologias mais comuns são: patologias da córnea anterior, como tracoma, ceratite infecciosa, trauma ocular, lesões químicas com alta prevalência em países em desenvolvimento.
Em 1789 Pellier de Quengsy descreveu pela primeira vez o conceito de córnea artificial. Sua teoria foi publicada no livro “Précis ou cours d’Opérations sur la Chirurgie des Yeux”, onde ele evocou a possibilidade de substituir a córnea doente por um vidro colocado em um anel de prata preso à esclera por fios de algodão.
Recentemente, um grupo de pesquisadores liderados por Mehrdad Rafat publicou um papper no qual eles descrevem um estudo piloto com 20 pacientes com ceratocone avançado. Nessa pesquisa os pesquisadores buscaram remodelar o estroma nativo da córnea sem remover o tecido existente ou usar suturas. Como matéria prima utilizaram o colágeno tipo I natural, principal proteína da córnea humana. O colágeno utilizado foi o de grau médico proveniente da pele suína, um subproduto purificado da indústria alimentícia já usado em dispositivos médicos aprovados pela FDA para cirurgia de glaucoma e curativo.
Portanto, o BPCDX é um implante de córnea produzido a partir do colágeno tipo I de grau médico purificado. O BPCDX é livre de célula ou material biológico viável. Os pesquisadores relataram que o implante é seguro e restaurou a visão dos participantes da pesquisa, sendo que eram parcialmente cegos ou deficientes visuais. – https://www.nature.com/articles/s41587-022-01408-w
Outro estudo com as córneas CorNeat desenvolvido no Vancouver Coastal Health Research Institute liderado pelo Dr. Alfonso Iovieno, líder do braço do estudo na Colúmbia Britânica, tem revelado resultados bastante animadores. A CorNeat é um tipo diferente de ceratoprótese, já que é totalmente artificial, fazendo uso de saia de nanofibra eletrofiada para se conectar à esclera através de um procedimento cirúrgico complexo que leva cerca de uma hora para ser concluído. A CorNet é semelhante a outras córneas artificiais, uma vez que no centro da prótese possui uma membrana óptica de polímeto transparente que o paciente pode ver para substituir a córnea danificada e não transparente.
Por ser totalmente sintética, reduz as chances dela não se integrar ao olho do paciente. Ao contrário de outras próteses e com as células do tecido conjuntivo de colágeno. Segundo os pesquisadores, a esclera pode crescer no material esponjoso da prótese CorNet, muito semelhante a uma malha óssea sintética. E é nesse momento que o anexo acontece, ao contrário das bordas da córnea com tecido doador. Veja o vídeo: https://youtu.be/HeDQqHVHbHM.
A segurança e eficácia de longo prazo ainda estão em investigação, mas os pesquisadores estão bastante otimistas que o CorNeat pode oferecer alternativa valiosa para muitos pacientes em risco de rejeitar tecidos de doadores.
Agora nos resta esperar o avanço das pesquisas e qual será a abrangência desse novos modelos de próteses oculares.
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