Covid-19 longa e a névoa cerebral
Antes de falarmos da relação entre a Covid-19 e “névoa cerebral” ou “brain fog”, vamos compreender o que essa condição significada. O termo “névoa cerebral” cunhado em 1850 pelo médico britânico James Tunstall, não é um termo médico ou científico preciso, é utilizado para descrever uma sensação temporária de redução da clareza mental. Em 1960 a Síndrome da brain frog foi incluída no DSM-4 e é descrita como “tensão acadêmica excessiva”.
Os quadros relacionados ao “brain frog” estão presentes desde os primeiros avanços da inteligência humana, mas sua notoriedade tem aumentado recentemente, especialmente devido ao aumento do burnout, que tem impactado diversos empreendedores sobrecarregados.
Trata-se de um terno amplo e abrangente utilizado para descrever distúrbios que tornam as tarefas cognitivas simples difíceis e desafiadoras, com pensamentos difusos, sensação de dispersão mental, falta de clareza ou uma sensação de confusão. Redução na velocidade de raciocínio, aprendizagem e resolução de problemas, dificuldade na finalização de tarefas devido a dificuldades de concentração e lapsos de memória recente também podem apresentar alterações.
Greene e colaboradores do departamento de neurologia do St. James’s Hospital em Dublin, na Irlanda, realizaram um estudo que utilizou a ressonância magnética dinâmica com contraste para entenderem como a interrupção da barreira hematoencefálica (BHE) é afetada nos quadros de Covid longa, uma vez que a ruptura vascular foi implicada na patogênese da doença por coronavírus, podendo predispor às sequelas neurológicas associadas a esse quadro.
No estudo os autores mostraram que a interrupção da BHE é evidente durante a infecção aguda em pacientes com Covid longa, incluindo o comprometimento cognitivo da névoa cerebral.
Uma análise transcriptômica das células mononucleares do sangue periférico revelou uma desregulação do sistema de coagulação e uma resposta imune adaptativa reduzida em indivíduos com confusão mental. Como resultado, colaborou-se um aumento na adesão das células mononucleares do sangue periférica às células endoteliais do cérebro humano em estudos in vitro, enquanto a exposição das células endoteliais do cérebro ao soro de pacientes com COVID de longa duração levou à expressão de marcas inflamatórias.
Os dados sugerem que a inflamação sistêmica contínua e a disfunção persistente da barreira hematoencefálica são características fundamentais da longa névoa cerebral associada ao COVID.
Saiu na mídia: https://olhardigital.com.br/2024/03/02/medicina-e-saude/nevoa-cerebral-da-covid-19-pode-te-deixar-menos-inteligente/
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