Crianças e dificuldades auditivas: respostas cerebrais ao tom de voz podem oferecer respostas
Crianças frequentemente precisam se comunicar em ambientes com ruídos e ecos que distraem. Esses ambientes representam um grande desafio, especialmente para aquelas com perda auditiva, inseridas em salas de aula com colegas com desenvolvimento típico. Elas enfrentam mais dificuldades para compreender a fala em locais barulhentos ou com eco, mesmo utilizando aparelhos auditivos.
Variáveis como o tamanho do vocabulário e a memória de trabalho são conhecidos por ajudar na compreensão da fala em ambientes ruidosos. No entanto, até recentemente, pouco se sabia sobre como o processamento de som no cérebro poderia dificultar a compreensão da fala em algumas crianças mais do que em outras.
Profa Dra Viji Easwar liderou um estudo que buscou investigar como o cérebro das crianças processa uma parte específica da fala: a frequência fundamental da voz de uma pessoa, que é, essencialmente, o tom básico percebido durante a fala. Para isso, mediram as respostas cerebrais às vogais em 14 crianças com perda auditiva, usando aparelhos auditivos ajustados de forma semelhante ao uso clínico, e em 29 crianças com audição típica, sob diferentes condições. Uma das condições era silenciosa, enquanto as outras três representavam cenários desafiadores com ruído, ecos e uma combinação de ambos.
Nessas mesmas quatro condições, também avaliamos a capacidade das crianças de identificar sons da fala. A pesquisa revelou que, entre crianças com perda auditiva, sua capacidade de processar sons de tom mais baixo estava relacionada à sua capacidade de compreender a fala nas condições mais desafiadoras (tanto ruidosas quanto com eco).
Essas descobertas indicam que, mesmo com a amplificação adequada dos aparelhos auditivos, crianças com perda auditiva ainda enfrentam dificuldades para processar certos aspectos do som, especialmente o tom básico das vozes. As respostas cerebrais mensuráveis de forma objetiva podem explicar por que essas crianças têm mais dificuldade em ambientes com ruído ou eco.
Este estudo é um dos quatro realizados pelo laboratório da Dra Easwar na Universidade de Wisconsin-Madison, com o objetivo de utilizar respostas cerebrais para avaliar o quanto crianças com perda auditiva conseguem ouvir com e sem o uso de aparelhos auditivos, além de identificar os fatores que influenciam suas habilidades de compreensão da fala.
Acesse o artigo original: https://journals.lww.com/ear-hearing/fulltext/2024/07000/neural_envelope_processing_at_low_frequencies.5.aspx
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