Recentemente uma discussão tomou conta das redes sociais: linguagem corporal ou linguagem não verbal é uma pseudo ciência ou não? Penso que sim, é uma ciência, o que é pseudociência é o uso que se faz dela. Linguagem corporal é comunicação, ela diz respeito aos gestos, postura, tom de voz, contato visual ou não, expressões faciais que os interlocutores fazem durante o momento de comunicação. Em geral, a linguagem não verbal é instintiva e não consciente, é uma reação imediata. Se em uma conversa há contradição entre a linguagem não verbal e a linguagem verbal quem terá vantagem é a não verbal. A linguagem não verbal é uma linguagem natural e inconsciente que transmite seus verdadeiros sentimentos e intenções.
No cérebro, a decodificação da interpretação do corpo é complexa com a participação de várias áreas, mas entre as mais importantes encontra-se a amígdala, córtex orbital frontal e cingulado anterior. Já foi identificado que existem regiões que só respondem a interpretação do corpo e alguns neurônios que são especializados para isso. Linguagem corporal emocional é um termo usado pela neurociência para descobrir quais são as bases neurobiológicas das comunicações emoção e corpo. Portanto, é ciência.
Os primeiros meses em bebês são bastante intensos, é uma época biológica para o cérebro com capacidade de aprendizado acelerada na formação conhecimentos inatos. Bebês de 3 meses de idade ainda não são capazes de reconhecer detalhes e configurações faciais, mas as do corpo sim, se tornando um conhecimento mais enraizado no subconsciente para reconhecimento (Gliga e Dehaene-Lambertz, 2005).
Já pararam para pensar o porque a linguagem corporal exerce tanto interesse? Estamos sempre interessados nos sinais que o corpo do outro está nos enviando, a ausência desse sinal também está emitindo algum sinal, portanto, é comunicação. Quando falamos em comunicação pensamos em interação interpessoal. Pensamos no que o corpo do outro está nos dizendo, mas, grande parte das vezes, não pensamos no que o nosso corpo está dizendo ao outro. Os pesquisadores passaram muito tempo fazendo inferências e julgando o que o corpo do outro está comunicando. A pesquisadora, palestrante e professora da Harvard Business School, Amy Cuddy, alerta que também somos influenciados por nossa linguagem não verbal, nossos pensamentos, sentimentos e o organismo, sim, ela causa mudanças fisiológicas em nosso organismo. As pesquisas apontam que existem mudanças, inclusive, de hormônios, tais como testosterona e cortisol, a depender da postura adotada.
Corroborando com essa afirmação, a Dra. Nazareth Castellanos afirma que temos 7 sentidos, acrescentando interocepção, ou seja, a informação que chega ao nosso cérebro do que está acontecendo em nossos órgãos, como coração, intestino etc. e a propriocepção, que envia informação sobre a superfície do corpo, da postura, gestos e sensações. Os cinco sentidos, audição, olfato, tato e paladar são os sentidos da exterocepção, isto é, percepção do que vem de fora. Segundo a pesquisadora, o cérebro prioriza determinadas partes em detrimento a outras. Por exemplo, o rosto, as mãos e a curvatura do corpo merecem grande destaque e tem grande representatividade no cérebro. As expressões faciais ativam áreas específicas do cérebro que podem desencadear diferentes emoções. Ciência pura.
Mas por que, então, que a linguagem corporal é vista por muitos como pseudociência. Na minha opinião, é o conhecimento raso sobre o assunto aliado a uma boa oratória e o desejo desenfreado de ter opinião sobre tudo, resolvendo todos os problemas através da leitura da linguagem corporal, seja na leitura das microexpressões seja na avaliação do corpo. Tudo o que serve para responder a todas as perguntas perde seu valor e não responde a nenhuma delas.
Erika Longone – SIGLA Educacional
www.siglaeducacional.com.br
0 comentários