Mycoplasma pneumoniae: vem ai uma nova epidemia? Um novo alerta vindo da China tem causado preocupação na Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento das infecções respiratórias e o aparecimento de surtos de pneumonia em crianças na China. Esse alerta surgiu em meados de outubro/23 quando houve um aumento de doenças parecidas com a gripe, em comparação com o mesmo período de 3 anos atrás.
Mycoplasma pneumoniae é um patógeno humano responsável por infecções do trato respiratório superior e inferior. Estima-se que esta bactéria seja responsável por até 40% das pneumonias adquiridas na comunidade em pessoas de todas as idades. Além de ser um patógeno respiratório grave, o M. pneumoniae pode induzir manifestações clinicamente significativas em locais extrapulmonares e/ou efeitos imunológicos em até 25% das infecções. Ao contrário de outros agentes patogénicos respiratórios importantes, como o Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenzae, uma vacina contra o M. pneumoniae ainda não está disponível, apesar dos esforços consideráveis.
Comparado com outros patógenos, o Mycoplasma pneumoniae é atípico em muitos aspectos: é um dos menores organismos autorreplicantes, tem um genoma reduzido e altamente estável, não possui parede celular, cresce lentamente (tempo de geração 6 h), requer contato próximo para transmissão e tem uma apresentação de doença distinta (pneumonia atípica), cuja patogênese pode envolver imunidade mediada por células do hospedeiro.
As infecções ocorrem durante todo o ano em muitos climas diferentes em todo o mundo, com epidemias a cada poucos anos. Dados obtidos anteriormente indicaram um intervalo de 1 a 3 anos entre as epidemias de M pneumoniae na Europa e em Israel. Vários fatores, incluindo a diminuição da imunidade coletiva ou a introdução de novos subtipos na população, são responsáveis pela ocorrência periódica de epidemias. A epidemia mais recente ocorreu no final de 2019 e início de 2020 simultaneamente em vários países, predominantemente na Europa e na Ásia.
Os dados de vigilância prospectiva global mostram o ressurgimento do M pneumoniae na Europa e na Ásia mais de 3 anos após a introdução das restrições à pandemia de COVID-19, período que ocorreu uma série de medidas preventivas, que variaram de confinamento e uso de máscaras que, além de diminuírem a circulação do SARS-CoV-2, colaboraram para a diminuição da incidência de outras doenças de transmissão respiratória, tal qual a pneumonia causada pelo M pneumoniae. O reaparecimento das demais doenças respiratórias se deu quando houve o relaxamento das medidas de prevenção.
Por se tratar de um patógeno de crescimento lento e com longo período de incubação, quando em comparação a outros agentes causadores de infecções respiratórias agudas, seu aparecimento não foi observado nos 12 meses anteriores. E como não se infectar? As recomendações são as mesmas para evitar a contaminação pelo SARS-CoV-2, ou seja, evitar aglomerações e pessoas vulneráveis, prática da etiqueta da tosse (cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ou com o antebraço quando tossir), lavagem das mãos. Por hora o uso de máscaras está descartado, mas seu uso deve ser considerado caso seja necessário.
Leia na íntegra: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd1pzmm86zlo
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