Por que a perda auditiva aumenta o risco de problemas médicos e taxas de hospitalização?
Recente estudo publicado no “The Lancet” revela a associação entre perda auditiva a um risco significativamente maior de aumento nas taxas de hospitalização, em cuidados de longo prazo, consultas e atendimentos de emergência, efeitos colaterais a medicações e quedas. Você deve estar se perguntando qual é a relação entre a orelha e o coração, vou te explicar.
Pesquisadores de Alberta, Canadá, fizeram um estudo populacional mostrando que a perda auditiva é frequentemente acompanhada por comorbidades, isto é, a presença de outras condições médicas associadas. Para atingir seu objetivo, a equipe de pesquisa fez uma análise retrospectiva de mais de 4,7 milhões de adultos moradores de Alberta entre abril de 2004 e março de 2019. Nessa população composta por 152.766 pessoas, 3,2% delas foram diagnosticadas como tendo perda auditiva.
A pesquisa mostrou que as pessoas com perda auditiva apresentaram taxas mais altas de resultados clínicos adversos do que aquelas sem perda auditiva. Dentre as adversidades constatadas os pesquisadores apontaram aumento de dias de internação, taxas mais altas de quedas, reações adversas a medicações e procura do atendimento de emergência.
Além disso, indivíduos com perda auditiva apresentaram maior risco de:
- Mortalidade
- Infarto do miocárdio
- AVC/ataque isquêmico transitório,
- Depressão,
- Insuficiência cardíaca,
- Demência,
- Úlceras por pressão e
- Colocação em instituições de cuidados de longa duração.
A pesquisa sugere que dos 15.631 indivíduos com perda auditiva precisaram de novas modalidades de cuidados de longo prazo em saúde, dos quais 1.023 atribuídos à perda de audição. Os autores revelam que as estimativas correspondentes para novas demências foram 14.959 e 4.350 e para AVC as estimativas foram de 11.582 e 2.242.
As barreiras de comunicação entre profissionais da saúde e pacientes podem ter colaborado para os resultados de taxas mais altas de comorbidade e risco aumentado de efeitos colaterais da medicação. Os pesquisadores aventam a possibilidade da realização de consultas acompanhadas dos pacientes com perda auditiva para apoio.
Segundo os pesquisadores, o maior índice de efeitos colaterais a medicamentos, hospitalização e visitas de emergência à serviços médicos evitáveis ocorre devido às barreiras de comunicação. O aumento do risco da necessidade de cuidados auxiliares de longo prazo precisa ser melhor investigado, uma vez que os dados mostram que pessoas com perda auditiva tendem a precisar de suportes adicionais. No que diz respeito ao risco excessivo de quedas pode ser devido ao aumento da carga cognitiva, consciência ambiental reduzida ou talvez disfunção proprioceptiva/vestibular concomitante.
Quaisquer que sejam as razões, as associações entre perda auditiva e problemas cardiovasculares, hospitalização, colocação em cuidados de longo prazo, ida a atendimentos de emergência, efeitos colaterais a medicamentos e quedas ressaltam a necessidade de melhores estratégias de cuidado e intervenção. Os autores defendem o aumento de pesquisas, investimentos e esforços coordenados para melhorar o atendimento e os resultados para pessoas com perda auditiva. Ao abordar a alta carga de comorbidades e implementar medidas preventivas, pode ser possível melhorar a qualidade de vida de indivíduos com perda auditiva por meio de novas estratégias de prevenção, tratamento aprimorado e reabilitação.
Artigo original: clique aqui
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