Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) – nova esperança

PAIR

Escrito por Sigla Educacional

18 de agosto de 2023

Nova esperança para pacientes com perda auditiva induzida por ruído (PAIR)

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, em 2013, 6,9% dos adultos brasileiros (2,13 milhões) apresentavam perda auditiva, com 1,7% dos portadores na faixa etária entre 18 a 59 anos e 5,2% com 60 anos ou mais (IBGE, 2013).

Pelos dados da Sociedade Brasileira de Otologia, 35% dos casos de perda auditiva se referem à Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE). Nos Estados Unidos, cerca de 40 milhões de adultos apresentam sintomas relacionados à PAINPSE. Além disso, a patologia é a principal causa de distúrbios altamente prevalentes, como zumbido ou tinnitus e hiperacusia. O impacto econômico estimado nos Estados Unidos é de cerca de US$150 bilhões.

Por se tratar de uma patologia impactante e com número crescente de pessoas acometidas por ela, é urgente a necessidade de avançar no desenvolvimento de opções de tratamento e é extremamente importante e amplamente dependente da compreensão do circuito, sináptica e mecanismos intrínsecos da plasticidade específica do tipo celular entre diferentes subtipos de neurônios inibitórios no córtex auditivo de camundongos após a PAINPSE.

No sistema auditivo, enquanto a entrada do nervo auditivo no tronco encefálico é significativamente reduzida após dano coclear causado por ruído alto ou compostos ototóxicos (medicamentos prejudiciais à audição), a atividade evocada por sons corticais é mantida ou até aumentada.

Para estudar os mecanismos precisos de inibição na recuperação da atividade evocada pelo som cortical após a perda auditiva, foi usado um modelo de PAINPSE em camundongos. Foram usadas imagens de cálcio de dois fótons para estudar a atividade evocada por som em diferentes tipos de neurônios corticais em camundongos acordados. Adicionalmente, foram realizados ensaios de eletrofisiologia para avaliar a excitabilidade celular nesses neurônios. Para apoiar as descobertas, foram empregados modelos computacionais para desenvolver hipóteses e previsões.

Após a PAINPSE, notamos que certas células cerebrais chamadas neurônios principais excitatórios (PNs), neurônios que expressam parvalbumina (PVs) e neurônios que expressam peptídeos intestinais vasoativos (VIPs) tiveram sua atividade evocada pelo som restaurada. No entanto, outro tipo de célula, conhecido como neurônios que expressam somatostatina (SOMs), teve atividade reduzida. Essa mudança na atividade era única para cada tipo de célula e estava relacionada à sua capacidade individual de mudança e adaptação (plasticidade intrínseca).

Esse estudo é o primeiro a identificar a plasticidade específica do tipo de célula dos diferentes subtipos de interneurônios corticais na recuperação cortical após trauma de ruído e sugere papéis distintos para esses interneurônios nesse processo.

Como tal, esses resultados destacam um programa de plasticidade estratégico, cooperativo e específico do tipo de célula que pode contribuir para restaurar o processamento do som cortical após dano coclear. Isso pode fornecer novos alvos celulares que podem auxiliar no desenvolvimento de opções de tratamento farmacoterapêutico ou de reabilitação para deficiência auditiva após PAIR.

Por exemplo, os SOMs, que são extremamente importantes para o processamento temporal dos sons, mostraram atividade evocada por sons reduzida após a PAIR. O estudo propôs que a atividade reduzida do SOM após a PAIR pode contribuir para os problemas auditivos associados à PAIR, como dificuldade de compreensão da fala e dificuldade de ouvir em ambientes ruidosos. Portanto, os SOMs podem ser um potencial alvo neuronal para reabilitar a audição após a PAIR.

No geral, os resultados criam uma nova estrutura para entender os mecanismos celulares e de circuito subjacentes à plasticidade cerebral após a perda auditiva e prometem avançar na compreensão dos mecanismos corticais subjacentes aos distúrbios associados à plasticidade cortical mal-adaptativa após danos periféricos, como zumbido, hiperacusia e dificuldade em ouvir em ambientes ruidosos.

 

Veja o artigo na íntegra: https://www.nature.com/articles/s41467-023-39732-7

Veja também: https://sigla-educacional.builderallwppro.com/perda-auditiva-em-jovens/

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